Destilação de Cachaças
A cachaça é um destilado genuinamente brasileiro e o primeiro produto da colônia a rivalizar em nível de igualdade com seus similares na Europa. É assim, desde cedo, um produto com a cara do Brasil, audaciosa, vibrante e muitas vezes indevidamente reconhecida. Adquiriu ao longo de sua história nuances angelicais e profanas, dicotomia promovida na música, nas letras e em manifestações culturais de origem popular.
Moeda de troca; infusão medicinal; insumo religioso; ferramenta de protesto político da colônia; alvo de ciúme, taxação e proibição por parte da metrópole; produto de exportação e enredo de escola de samba.
É sem dúvida a grande Musa dos bons compositores populares e inspirou algumas de suas grandes realizações, destacadamente na música sertaneja e no samba. Desde o início do século XVI quando foi destilada pela primeira vez até os dias de hoje conserva o frescor e a jovialidade de uma menina moça e vive hoje o começo de seus melhores dias, quando chega aos mais exigentes cantos do mundo levando a alegria e a irreverência de uma bela passista em plena avenida, num dia de carnaval.
Essa história começou oficialmente em 1532 com a chegada da Armada de Martim Afonso de Sousa, com seus três sócios e uma autorização real para governar a Capitania de São Vicente e implementar seu plano de negócios, que incluía um Engenho para produção de açúcar, derivados e aguardente.
Este Engenho do Governador foi o primeiro modelo com um sistema de moagem movido à roda d'água, está localizado na atual cidade de São Vicente e suas ruinas são consideradas pelos arqueólogos como as mais antigas do Brasil.
Ali se produzia, além do "aguardente da terra" feito da fermentação do caldo, outro aguardente feito a partir do melaço que é obtido da fervura do caldo (este mesmo aguardente produzido posteriormente nas Antilhas, ganharia o nome de Rum, provavelmente por conta do nome latim da cana-de-açúcar - Saccharum Oficinarum).
Relatos de corsários que atracaram, assaltaram e incendiaram o engenho em 1591, chefiados pelo temido Capitão Thomas Cavendish (terceiro a circunnavegar o planeta) dão conta de que nossa bebida ainda no final do século XVI era conhecida apenas como "aguardente da terra".
De São Vicente nossa aguardente chegou a outros pontos do litoral, no planalto e sertão afora encontrando no Campo dos Cataguazes (atual Minas Gerais), o ponto alto de sua valorização e desenvolvimento.
Nesses tempos nosso aguardente foi ganhando alguns de seus apelidos, caninha, jeribita, pinga, mas os portugueses reinóis é que a chamavam cachaça de forma pejorativa, pois devemos lembrar que cachaza é como os espanhóis chamavam as borras do caldo que fermentavam nos cochos e eram servidos aos animais e bestas.
A Cachaça tem sua trajetória inteiramente entrelaçada ao desenvolvimento e emancipação do Brasil, cabe em muitos textos, mas vamos tentar apontar por aqui em diferentes artigos, alguns desses fatos que contribuíram na formação do Brasil e de seu povo.
No baile da Corte, disse o Conde D'eu (marido da Princesa Isabel) à Dona Benvinda:
Farinha de Suruí | Pinga de Paraty | Fumo de Baependi | É comê, bebê, pitá e caí! - (Oswald de Andrade).
Texto: Haroldo Narciso
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FAMIGERADA BRUTA - 750ml
Cachaça pura em estado bruto, armazenada em dornas de Inox.
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FAMIGERADA MANSA - 750ml
Cachaça armazenada em dornas de Jequitá Rosa e Branco.